furo
o que te perfura?
uma broca
uma bala
uma faca
uma britadeira
uma falta
um insulto?
um poema
uma
metáfora
te
per
fu
ra
?
Yara Fers
In O Peito Perfurado da Terra
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Balbúrdia Poética
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Yara
Fers, é paulista de Ribeirão Preto, mora na Bahia. Vive de escrita
e literatura, atuando como editora, professora e mentora de escrita. Criou a
editora Apilhera, de livros artesanais. É editora de comunicação do Portal
Fazia Poesia. Possui graduação em Comunicação Social e Especialização em Teoria
da Literatura e Produção Textual.
Experi/mentalismo
recluso na estação 353 uso tempo para exorcizar o mal secreto uilcon pereira me ensinou as sample/ações nas sagradas escriduras de jommard muniz de britto um grito joaqum branco em sua zona de conflito:
“gigantes medonhos / arrastando a noite / clarenigma / pássaros de sonhos / aparando os olhos / negrenigma”
genocidas no congresso aprovam leis para liberação de agrotóxicos e a gente se ferra Yara Fers e seu peito perfurado da terra:
“enfio as mãos na terra
para escrever o poema
e as mãos não estão
sujas
remexo o barro
as pedras
sinto os grãos
enfiados nas unhas
em simbiose
e minhas mãos
não se sujam
é a terra que está
suja de mãos”
adeus sementes de abóbora in-natura que mastigo para aliviar a profilaxia prostática nesse tempo estático nada do que penso da estética sobre a ética passeia entre meus olhos soturnos guima meu mestre guima em mil perdões eu te peço o poema pode ser um beijo em tua boca por quê trancar as portas tentar proibir as entradas ? te beijo vestida de nua comigo ninguém pode espada de são jorge ogum de cia sputinik no quintal alegria a prova dos nove do meu cão experimental sei por onde vou não faço parte do outro lado da parte dessa escória que enferruja a história que passou nem do diabo a quatro quando muito cito Oswald e também cito Torquato neto do meu pai se chama Dedé meu afilhado em Deus eu tenho fé um dente de alho sobre a mesa Carlos Gurgel viajou de Natal pra Fortaleza antes do amanhecer um girassol riscado a giz o dia ainda vai raiar um poema ainda vai nascer no vai e vem dos seus quadris Cazuza pra desvendar na atual constituição qual é o nome da meretriz o homem com a flor na boca ainda desfolha a bandeira com sua língua de trapo no pantanal desse país.
Artur Gomes
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O Homem Com A Flor Na Boca
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não tenho certeza
da beleza que me segue
à beira da BR-040
desde que Tranca Rua
abriu a minha estrada
para o SerTão da Bahia
Artur Gomes
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certa vez a beleza se chamava Manhuaçu era pura alegria
à beira da BR-040 de Minas
indo pra Bahia
Artur Gomes
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https://braziliricapereira.blogspot.com/
poema 10
meus caninos
já foram místicos
simbolistas
sócio políticos
sensuais eróticos
mordendo alguma história
agora estão famintos
cravados na memória
Artur Gomes
O Homem Com A Flor Na Boca
Editora Penalux – 2023
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fosse essa jura sagrada
como uma boda de sangue
às 5 horas da tarde
a cara triste da morte
faca de dois gumes
naquela nova granada
e Federico Garcia Lorca
naquela noite de Espanha
não escrevesse mais nada
Artur Gomes
Poema do livro Juras Secretas
Editora Penalux - 2018
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não sou eu mas parecia e ser bem que poderia soube que um poeta em sampa está a me olhando com olhos de desejos que me arrepiam atiçando as tentações faço de tudo para que Baudelaire não saiba pois do jeito que o Federico anda ultimamente é capaz de me esganar se desconfiar desses olhares de fogo
Rúbia Querubim
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a cidade dos sonhos
sonhei que estava descendo em uma cidade desconhecida que nunca tinha ido e tinha uma menina me esperando - mas não consegui identificar que cidade era e nem a menina consegui reconhecer procurei na fotografia não encontrei aviste um oceano Atlântico fui à beira mar e acordei
Artur Fulinaíma
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não fosse esse punhal de prata
mesmo se fosse e eu não quisesse
o sangue sob o teu vestido
o sal no fluxo sagrado
sem qualquer segredo
esse rio das ostras
entre tuas pernas
o beijo no instante trágico
a língua sem que ninguém soubesse
no silêncio como susto mágico
e esse relógio sádico
como um Marquês de Sade
quando é primavera
Artur Gomes
Poema do livro Juras Secretas
Editora Penalux - 2018
tem pessoas que ainda gostam de fantasias ilusões ideias que não cultivo mais a pedra pólen inda me guia quando admiro céus sóis estrelas luas cheias vez em quando pedalo até a praia a procura de ouvir o canto da seria à beira mar yemanjá e continuo caminhando nesse chão que nos espera poesia além da morte bem pra lá dos girassóis para encontrar nas pradarias a orelha de van gog e seu instante em desespero não espero muito como alguém que do outro lado do oceano me espera
Artur Gomes
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Vampiro Goytacá Canibal Tupiniquim
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O Homem Com A Flor Na Boca
O ator, produtor, videomaker e agitador cultural Artur Gomes acumula uma bagagem de 50 anos de carreira com prêmios nacionais e internacionais em teatro, música, literatura e artes gráficas. Gomes poderia se filiar na tradição literária dos chamados poetas malditos, como comumente e simplistamente nos referimos àqueles autores que constroem uma obra “rebelde” em face do que é aceito pela sociedade, vista como meio alienante que aprisiona os indivíduos em normas e regras. Tais autores rejeitam explicitamente regras e cânones. Rejeição que manifesta-se também, com a recusa em pertencer a qualquer ideologia instituída. A desobediência, enquanto conceito moral exemplificado no mito de Antígona é uma das características de tais sensibilidades poéticas, que no Brasil já vem de longe com um Gregório de Mattos e ganhou impulso e seguidores com o famoso trio da “parafernália” rebelde: Verlaine, Baudelaire e Rimbaud.
Já tivemos oportunidade de observar em outras obras do autor, que suas construções poéticas seguem sempre renovadas para cima em matéria de criatividade, elencando uma variada diversidade temática que aborda, sempre em perspectiva ousada e radical, desde o doce e suave sentido do amor, ao cruel da relação amorosa, flertando com o libidinoso, e questões existenciais que expressam indignação, desobediência e transgressão.
É que, explica ele: “arde em mim / um rio / de palavras / corpo lavas erupção / mar de fogo / vulcão”. Outra faceta do autor, digna de nota, é a criação de vários heterônimos como sejam Federico Baudelaire, EuGênio Mallarmè ou Gigi Mocidade, talvez a mais irreverente de todos, porque fala a bandeiras despregadas, sem papas na língua. “Muitas vezes a língua pulsa pula para o outro lado do muro outras vezes a língua pira punk nesses tempos obscuros às vezes a língua Dada vai rolando dados nesse jogo duro muitas vezes a língua dark jorra luz nas trevas desse templo escuro”.
E aqui temos afinal, mais uma obra desse múltiplo e incansável poeta que caminha com uma flor na boca, símbolo universal de amor, de paz e beleza. A ele não importa verdadeiramente por quais meios: “se sou torto não importa / em cada porta risco um ponto / pra revelar os meus destroços / no alfabeto do desterro / a carnadura dos meus ossos”.
É poética que, para além de perquirir as dores e delícias da condição humana em si, envereda pelo viés de nossa condição social sempre ultrajada. Encontramos um poema que nos pergunta: “quem se alimenta / dessa dor / desse horror / desse holocausto // desse país em ruínas / da exploração dessas minas / defloração desse cabaço // quem avaliza o des(governo / simboliza esse fracasso?”
Artur Gomes segue sua árdua caminhada, agora com o poderoso concurso da maturidade que lhe chega. Segue emprestando sua voz aos deserdados, aos desnutridos, aos que têm sede, aos que têm fome, ou aos que morrem assassinados nos guetos, nos campos, nas cidades por balas de fuzil, desse país que tarda em referendar a cidadania.
Krishnamurti Góes dos Anjos - Escritor e crítico literário
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redes sociais
depois de tanto amor
apenas um oi
como uma foice
me corta do face
mostra a outra face
sem nenhum receio
não sei pra onde vai
nem de onde veio
Artur Gomes
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Balbúrdia PoÉtica
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não fosse essa jura secreta
mesmo se fosse e eu não falasse
com esse punhal de prata
o sal sob o teu vestido
o sangue no fluxo sagrado
sem nenhum segredo
esse relógio apontado pra lua
não fosse essa jura secreta
mesmo se fosse eu não dissesse
essa ostra no mar das tuas pernas
como um conto do Marquês de Sade
no silêncio logo depois do susto
Artur Gomes
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voragem
para ferreira gullar - in memória
não sou casta
e sei o quanto custa
me jogar as quantas
quando vejo tantas
que não tem coragem
presa a covardia
eu sou voragem
dentro da noite veloz
e na vertigem do dia
Rúbia Querubim
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Vampiro Goytacá