sexta-feira, 22 de março de 2024

Tchello d´Barros

 

👆 CONVIDO-LHES PARA O LANÇAMENTO DE MEU LIVRO EM SÃO PAULO 😀

 

O escritor, redator e roteirista Tchello d’Barros, catarinense radicado no Rio de Janeiro (RJ), lançará seu livro de poemas, “Cataclísmica”, pela Desconcertos Editora, em 22 de março de 2024, as 19h, na Livraria Patuscada, em São Paulo.

 

O LIVRO

 

"Cataclísmica– 100 Poemínimos e hum Manifesto" consiste coleção de textos breves que dialogam com os livros anteriores do autor, mantendo a experimentação formal como eixo do trabalho. O autor traz a lume uma série de nanopoemas, também chamados de poemínimos, em uma tônica que transita entre o rigor formal na montagem dos versos e instigantes combinações sonoras e visuais com eventuais jogos de palavras. O arco temático fala sobre relações humanas, vida em sociedade, aspectos inusitados do cotidiano, mas também (não sem algumas ironias) sobre amor, sexo, fé, política e até mesmo alguma metalinguagem poética de ocasião. São quatro capítulos: Dantes, Devir, Porvir e Hodierno, cada um reunindo textos que se aproximam seja pela forma, seja pelo conteúdo. Além disso, há um bônus no livro, uma prosa poética: o manifesto Ode à Pindorama Contemporânea, texto iniciado em guardanapos na cafeteria do Theatro Municipal de São Paulo, no âmbito das comemorações do centenário da Semana de 22. A obra reúne poemas de diferentes fases da carreira de Tchello d’Barros, que já conta com 3 décadas de atividades no cenário nacional e internacional, com 10 obras solo publicadas e textos em mais de 100 antologias e livros didáticos. "Cataclísmica" chega para somar no catálogo da Desconcertos Editora (SP), conhecido por valorizar a produção poética contemporânea no Brasil.

 

CRÍTICA

 

O jornalista e professor universitário paulistano Franklin Valverde considera no prefácio da obra que ‘Tchello d'Barros, entre os poetas brasileiros, é um dos que melhor entendeu todas as possibilidades que as redes oferecem, brindando a todos e a todas com sua qualificada produção poética. Agora, com a publicação deste "Cataclísmica", temos a oportunidade de nos deleitarmos com uma parte de sua criação poética reunida neste volume.’’ Já a Drª. Urda Alice Klueger, romancista e membra da Academia Catarinense de Letras, aponta na orelha da obra o aspecto nomadista do autor-viajante, contando que “...vi crescer a preocupação de Tchello d’Barros com o que se passava em nosso país, em nossa América dita Latina, no mundo. Ensaiou ele, então, as suas primeiras viagens, primeiro para os outros lados do grande Mar-Oceano (...) quando menos se esperava, estava por aqui outra vez, agitando o coreto, com algum livro novo, alguma nova exposição. Pouca gente, que eu conheça, é capaz de tal busca, de tal preocupação em ver e sentir”. E os aspectos mais teóricos da obra são abordados pelo Prof. Dr. José Endoença Martins, ao iniciar seu posfácio questionando: “Onde se encaixa a poesia de Tchello d’Barros na literatura poética atual? A centralidade que o olhar ocupa nos versos do autor são geradores de visões sonoras e revisões amorosas nos jogos verbais que articulam, onde a poesia é tomada pela palavra que olha e, no olhar, se reinventa, jogando-se contra si mesma. Os jogos verbais se revelam no relevo dos jogos amorosos com os quais Tchello edifica o conjunto dos versos e poemas de "Cataclísmica". Tais jogos sonoros redimensionam as nuances poéticas do olhar.”

 

DADOS DA OBRA

 

Título: “CATACLÍSMICA” ®

Autor: Tchello d’Barros ©

Gênero: Poesia

Páginas: 140 págs.

Formato: 14 X 21 cm

Ano: 2024

Edição: Desconcertos Editora

Projeto gráfico: Multi-Prisma

Orelha: Drª. Urda Alice Klueger

Prefácio: Franklin Valverde

Posfácio: Prof. Dr. José Endoença Martins

Imagem da capa: “Labyrintithesis” - poema

visual de Tchello d’Barros

Preço de capa (pré-venda e lançamento): R$ 50,00

 

SERVIÇO

 

Evento: Lançamento do livro “Cataclísmica” de Tchello d’Barros

Sessão de autógrafos e sarau Poesia Plural c/ poetas convidados

Horário: 19 h

Data: 22.Mar.2024 – Sexta-feira

Local: Livraria & Café Patuscada

Rua Luís Murat, 40 - Pinheiros. São Paulo (SP)

Realização: Desconcertos Editora

Entrada franca

Preço do exemplar: R$ 50,00


Beth Araújo

Beth Araújo é uma menina que atravessa a minha trajetória por esses 50 anos de Poesia com muito amor, afeto e carinho

 Esse espaço tem "mil"textos fantásticos. Poesia ? Prosa ? Não importa ! Imponderáveis, não há como definí-los. A construção poética se faz presente. Pena que não me sobra tempo para agradecer. Mas a gratidão já fez morada em mim. Um afetuoso abraço, envolvido na saudade de sempre.

 A menina abaixo ainda mora aqui e com a alma de sempre para curtir a Arte , em tom maior, apesar das dores intensas da velha.

É imperativo ler seu/ nosso livro.

 Espetacular, acho eu com o pouco que li dele. Mas vou ter o livro para tê-lo nas mãos. Tela ? Só quando não se tem jeito. . . coisas da paixão que foi plantada com livro de papel: cor, cheiro, tato, calor, amor pelo ser humano , plantado nas linhas infinitas infinitas infinitassssssssssssss

*

 Estou sem fala. Emocionada demais. Não é uma emoção triste . É a alegria de ser lembrada e homenageada por você , meu amigo Artur Gomes, amigo e poeta maior, que revoluciona palavras, poema, gostos, jeitos , modos de pensar e de amar. Quando conversamos com você , sempre saímos modificados, o sol se altera, a lua passa a falar coisas estranhas , mas tudo encharcado de poesia. Essa é a sua vida , em que tivemos a sorte de estar incluídos no seu compartilhar poético.

Beijos !

 Beth Araujo, de Itaipú, em 28 / 02 / 2024.

pan(demônica)

 

 pan(demônica)

 

passeio os pés descalços sobre covas rasas

contando ossos no poema exposto

                           no sujeito do objeto

tudo isso exposto nesse papo reto

                          segue o passo norte

não leio cartas de suicídio

nem decreto de hospício

na tentação que me conforte

quero matar o genocídio

          pra não morrer antes da morte

 

Artur Gomes

Pátria A(r) mada - 2ª Edição

Desconcertos Editora

https://arturfulinaima.blogspot.com/

Afrodite


Afrodite

 

para a  nova Pimenta do Reino

eu falo eu fauno eu fumo
na espuma dos mares
de Zeus ou Vulcano

nos cornos do americano
na pele clara da gema
nas brumas de Ipanema

ou nas Dunas do Barato

na era Atenas me disse
pra Hera nunca dissemos
em grego a deusa do amor
em romano  mamilo de Vênus
também a irmã de Helena
que a um outro rei Prometeu
provocando a ira em Menelau
quando soube que Páris sou Eu

Dioniso das festas de Baco
do vinho dos ritos das juras
Afrodite em mim criatura
Bacante que o cosmo me deu

a puta  da ilha de Creta
mulher quando o vinho é na cama
a que sabe beber do que ama
sem pensar no que  Cronos secreta

 

Artur Gomes

O Poeta Enquanto Coisa

Editora Penalux – 2020 https://ciadesafiodeteatro.blogspot.com/

jura secreta

 

Jura Secreta 

não fosse essa jura secreta 
mesmo se fosse e eu não falasse 
com esse punhal de prata 
o sal sob o teu vestido 
o sangue no fluxo sagrado 
sem nenhum segredo 

esse relógio apontado pra lua 
não fosse essa jura secreta 
mesmo se fosse eu não dissesse 
essa ostra no mar das tuas pernas 
como um conto do Marquês de Sade 
no silêncio logo depois do susto 

 

Artur Gomes

Juras Secretas

Editora Penalux – 2028

https://secretasjuras.blogspot.com/

Sérgio de Castro Pinto

 

O elefante

A João de Farias Pimentel Neto (Netinho)

 

a cor de pólvora que não explode

barril de pólvora mansa

apesar do pavio da tromba

 

Sérgio de Castro Pinto

In o cristal dos verões

escrituras editora - 2007

quarta-feira, 20 de março de 2024

Ancestrais - Amélia Alves

 

Ancestrais

Para meus griots, pelo 20 de novembro, Dia da Consciência Negra.

 

As coisas que não vivi

me foram dadas por memória

de espíritos reencarnados

nos gritos da nossa história,

em lances de chibatada,

nos passes de luta e dança,

nas voltas de espadas e lança.

 

E relembranças das tempo

de banzo a redescobrir

sagas de pai, de mãe, avós

e chagas de bisavós,

cantos de tataravós,

em portas de identidade,

promessa de liberdade

 

a(re)escrever o que me foi de futuro, em dor ainda .

 

Amélia Alves

In No Reverso do Viés

Prêmio Pizarro Drummond para Livros Inéditos – Categoria Poesia – 2º lugar

Ibis Libris - 2015

Michaela v. Schmaedel

Ainda somos o homem

ancestral agachado

nas savanas do Quênia

 

                              Michaela v. Schmaedel

múltiplas poéticas

no hotel amazonas - galvez o imperador do acre  hospedou-se  em  sua passagem por campos dos goytacazes em direção a vitória do espírito santo e deixou por aqui o vampiro goytacá que mora neste hotel até hoje e passa as madrugadas na janela do quarto olhando o pátio interno tentando reencontrar o seu amor benta pereira muitas vezes vi lágrimas descendo dos seus olhos e as mãos apontadas para o telhado do outro lado do corredor enquanto rezava para santo antônio e nina aroeira quando viu pelos corredores a linda  flor de florlisbella passos

 

Artur Gomes

Vampiro Goytacá 

https://arturgumes.blogspot.com/



Crônica do sertão mineiro

 

Em um quarto honesto de hotel

Um homem acorda suado

No meio da madrugada

Morna e quieta

de uma cidade

ao norte

que rasga o sertão.

Em um golpe

se livra

Do lençol,

De brancura e perfume

compatíveis

Com a diária

Que cabe em seu bolso.

Toda cama de hotel é imensa

Para um homem sozinho,

E antes que

O recapture o sono,

Ele imagina outro movimento:

Lentamente, indo ao chão,

o vestido justo,

Colado ao corpo

Da mulher que conheceu

Noite passada.

Quando enfim adormece,

Em sonho, a nudez

Dessa mulher

O leva em paz

Até o abandono

Do amanhecer.

 

André Giusti, Montes Claros – Brasília, outubro/2022   



 

todas as mulheres do mundo

 

 

com as mulheres do mundo,

que pensava em amar,

me descobri vazio,

um madeireiro a procurar

no bosque imenso e profundo

árvores que cortava sem vacilar.

advertiu-me um velho sábio:

o bosque há de acabar!

sem dar bola a tal conselho

continuei o machado a afiar.

dos golpes começaram a brotar

rebentos fortes, sadios.

eu, espantado, a especular:

o que neles era contido

que não saberia explicar?

de novo o velho sábio

veio comigo a conversar:

dos rebentos produzidos

há sua alma a clamar

perdão pelos golpes dados.

de volta ao bosque fui buscar

as árvores que tinha golpeado.

perdão queria implorar.

na primeira me vi avô,

na segunda, um filho a chorar

na terceira, um pai perdido

e na quarta, uma mãe a lamentar.

depois do bosque percorrido,

o crepúsculo a se aproximar,

nas mulheres que tinha amado

percebi que o presente a ganhar

era o que elas tinham gerado.

antes da noite terminar

veio o velho acompanhado

das orixás a me mostrar

que dos golpes que havia dado

só uma pessoa poderia magoar,

uma pessoa que era resultado

das mulheres que desejava amar,

todas contidas em mim mesmo

na figura de pai a buscar

a mãe que nunca teria sido.


*

 tudo começa num ponto

às vezes é o centro

equidistante

entre dois oceanos

às vezes

apenas um ponto

intersecção de duas linhas

um coração que bate

um ponto

onde tudo começou


                Cesar Augusto de Carvalho 


na casa da infância

tinha banho de tanque

galinhas dormiam no pé de manga

tinha boneca de espiga de milho

trem de madeira no chão de trilhos

 

na casa da infância

tinha porco no chiqueiro

pés de mamão no terreiro

tinha pão com marmelada

amarelinha na calçada

 

na casa da infância

se brincava de esconde-esconde

se fartava de fruta do conde

tinha papo no portão

quermesse de são joão

 

na casa da infância

tinha namoro na praça

crianças em arruaças

tinha arrasta pé

fumaça de chaminé

 

na casa da infância

tinha pés de alface

comida pra quem chegasse

tinha pé de uva

corrida na chuva

 

na casa da infância

tinha cerca de madeira

pé de jabuticabeira

tinha sol na varanda

pés de pitanga

 

na casa da infância

tinha café no bule

bolinhas de gude

e quase se morria

de tanta alegria

 

na casa da infância

tinha música de radiola

pés de amora

insetos no jardim

colorido de jasmins

 

na casa da infância

tinha muitos amigos

brincar era o maior perigo

tinha goteiras na sala

penduradas nas mandalas

 

na casa da infância

tinha galinha assada

papo solto rolava

tinha cheiro de cozinha

sorriso largo da vizinha

 

na casa da infância

a primeira namorada

tinha olhos de esmeralda

tudo era motivo pra brincadeira

até escorregar na bananeira

 

na casa da infância

tinha salada de frutas tantas

recheadas de boas lembranças

tinha o essencial

amor era o prato principal

 

na casa da infância

tudo valeu a pena

tinha vagalume de estrelas

céu de fazer poemas

 

na casa da infância

imensa gratidão

nem toda casa da infância

é assim não

 

Dinovaldo Gillioli



segunda-feira, 18 de março de 2024

Mútiplas Poéticas



 

ditadura

 

 

ditadura

palavra dura

tão dura

que dói



 Cabresto


 

me fiz feliz feito besta

feito besta andarilhei

de repente, parei.

de soslaio, bestas-feras

me armavam um cabresto.

sorri e disse

só to feliz feito besta

porque de besta me fiz feliz

e não preciso de cabresto


se fizesse da prosa, poesia

se fizesse da poesia, prosa

em vinte e quatro quadros

a arte da vida projetaria

e me calaria


cut-up

 

hoje assaltei Cabral

tesourei Edgard

mastiguei Oswald

nada sobrou

palavra!


passo a passo

passo

carros, árvores

passo

passos apressados

passo

jornais, revistas

passo

manifestantes

passo

tela de TV

passo

glórias antigas

passo

passo errado

passo

autoridades

passo

passo em falso

passo

amigos do rei

passo

passo extremo

passo

gente armada

passo

passo errado

passo

passam mentiras

passo

ódio e raiva

passo

passo a passo

passo

carros, árvores

passo

pássaros voam


Cesar Augusto de Carvalho

 Curto Circuito

Editora Patuá - 2019


POEMAS

 

1.

daqui

do meu ventre

uma língua selvagem:

a ânsia furiosa de nomear

o mundo e de dizer:

    [amo-te em toda a minha combustão].

 

2.

acordam as vielas num

olhar de chão,

os lábios

presos aos dedos que matam:

é preciso dizer não,

deixar cair,

absorver o vento na sua

dimensão maior

 

a dimensão que as palavras

cristalizam [ou que não cristalizam

ou que deixam cair num

olhar de vácuo

 

as palavras os signos que

representam apenas o que

posso deixar sentir,

o que o meu corpo sugere,

 

o que o meu corpo ama,

o que os meus dedos

encobrem num mistério de folhas.

 

 

3.

 

porque a palavra não é mais

porque se quebrou o sentido

da nossa visão

 

toda a vertigem / todas as palavras

são um chamamento para

o lugar dos mortos.

 

 

4.

 

nada fica por detrás

tudo é claro, tudo

se alimenta no latido

dos cães.

 

 

 

5.

 

para Rainer Maria Rilke

 

não percebemos o gato na sua identidade

como também ele não nos percebe na nossa

 

perante a Paisagem,

o gato será apenas um gato, felix silvestris catus,

originário do egipto antigo, animal amado

por homens, mulheres, escritores

 

perante a Paisagem,

o gato tem um olhar livre de palavras

e habita um mundo ainda não nomeado,

sem uma simbólica ou um sentido claro

de existência

 

se, da Paisagem,

um pequeno pássaro voar até ele,

será apenas isso: alimento, nutrição,

algo que possa segurar ou deixar fugir

 

nós, contudo,

chamamos a uma águia-real

o animal mais magnífico dos céus

e chamamos ao nosso desejo de expressão

criatividade e ao que nasce das nossas mãos

linguagem, poesia, literatura

 

e cremos, também,

que a nossa identidade está predeterminada

e que nunca se perde

e que a nossa humanidade se garante

no próprio facto de existirmos

 

contudo,

perante o olhar de nós mesmos,

os mortos da Paisagem observam-nos,

 

[sem uma língua que possa nomear

o espaço aberto à sua volta.

 

Jorge Vicente

 

nota biográfica: Jorge Vicente nasceu em 1974, em Lisboa, e desde cedo se interessou por poesia. Com Mestrado em Ciências Documentais, tem poemas publicados em diversas antologias literárias e revistas. Faz parte da direcção editorial da revista online Incomunidade. Tem cinco livros publicados, sendo o último cavalo que passa devagar (voltad’mar: 2019).

Contacto: jorgevicente.seacarrier@gmail.com

foto: Ozias Filho 


Tchello d´Barros

  👆 CONVIDO-LHES PARA O LANÇAMENTO DE MEU LIVRO EM SÃO PAULO 😀   O escritor, redator e roteirista Tchello d’Barros, catarinense ra...