terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Balbúrdia Poética III - Poesia a + de 80 Torquato Leminski

 

Amor, então

também acaba¿

não que eu saiba.

o que eu sei

é que se transforma

numa matéria-prima

que a vida se encarrega

de transformar em raiva

ou em rima. 

Paulo Leminski


Aroldo Pereira 


Balbúrdia Poética III – Poesia a + de 80 Torquato Leminski

Dia 24 – Abril – 19

Bar do Ernesto – Lapa Rio de Janeiro

timaço confirmado para intervenções:

 

Alexandre  Guarnieri Aroldo Pereira + Carmem Moreno + Delayne Brasil + Fil Buc + Sady Bianchin +  Marcella Gianini + Tanussi Cardoso + Fábio Pessanha + Tanussi Cardoso + Fernando Andrade + Eurídice Hespanhol + Jorge Piri + Jorge Ventura + Ronaldo Werneck + Telma da Costa + Sérgio Arruda + Wanda Monteiro + Karla Julia + Margarete Bravo 

Produção e Direção: Artur Gomes, Tchello d ´Barros e Luis Turiba 


(2020) LUTA DE CLASSES  – Tchello d´Barros 

RISCO OU RABISCO

 A vida em si é um risco

e pode ser dolorido

não tem mapa nem aviso

o mundo ataca de frente

e por mais que você enfrente

te pega desprevenido

 

A vida é um rabisco

e do muito que nos dói

por vezes não faz sentido

aquele beijo não dado

um verbo que jaz calado

o amor que não foi vivido

 

Tchello d'Barros



Há mais de uma década, fiz uma série de retratos desenhados de escritores e personalidades cujas leituras me afetavam a pituitária. Comecei c/ Saramago , passando por Clarice e lembro que concluí c/ Lêdo Ivo. Os desenhos eram depois escaneados e vetorizados, resultando nesse efeito que se vê aí nessas imagens de Leminski e Torquato. Fiz uma exposição no CEPA de Maceió, com cada imagem plotada em 100 X 100 cm. Dois deles, invadem agora a BALBÚRDIA III !!! 💣


Paulo Leminski - no traços de Tchello d´Barros 

Fulinaimicamente
           para Isabela Veras

do som dessa palavra
nasce uma outra palavra
fulinaimicamente
no improviso do repente
do som dessa palavra
nasce uma outra palavra
fulinaimicamente

o coração ainda pulsa
enquanto há tempo
enquanto é tempo
enquanto posso
o coração ainda pulsa
no café no jantar e no almoço
o coração ainda bombeia
sangue na veia
poema em carne osso

navego por caravelas
não por acaso
no improviso de repente
em novecentos e noventa e dois
conheci uma menina
trinta e dois anos depois
uma mulher potente
seu coLATERAL
é um presente pra pensar nosso futuro
lamparina incandescente
pra clarear o Templo escuro

Artur Fulinaíma

leia mais no blog
https://fulinaimagens.blogspot.com/

                                             *


                Língua à brasileira

 

Ó órgão vernacular alongado

Hábil áspero ponteado

Móvel Nobel ágil tátil

Amálgama lusa malvada

Degusta deglute deflora

Mas qual flora antropofágica

Salva a pátria mal amada

 

Língua-de-trapo Língua solta

Língua ferina Língua douta

Língua cheia de saliva

Savará Língua-de-fogo e fósforo

Viva & declinativa

Língua fônica apócrifa

Lusófona & arcaica

Crioula iorubaica.

 

Língua-de-sogra Língua provecta

Língua morta & ressurecta

Língua tonal viperina

Palmo de neolatina

Poema em linha reta

Lusíadas no fim do túnel

Caetano não fica mudo

Nem “Seo” Manoel lá da esquina

 

Por ti Guesa Errante, afro-gueixa

O mar se abre o sol se deita

Por Mários de Sagarana

Por magos de Saramago

Viva os lábios!

Viva os livros!

Dos Rosas Campos & Netos

Os léxicos Andrades, os êxtases

Toda a síntese da sintaxe

Dos erros milionários

Desses malandros otários

Descartáveis, de gorjetas.

Língua afiada a Machado

Afinal, cabeça afeita

Desafinada índia-preta

Por cruzas mil linguageiras

A coisa mais Língua que existe

É o beijo da impureza

Desta Língua que adeja

Toda a brisa brasileira

Por mim

                Tupi,

                               Por tu Guesa

                                                     Luis Turiba         


   

SOL DE CARNAVAL

 

                      Luis Turiba

 

a chama flama

quase brasa

não mais possível

queimar a mufa

sem cair na farra

nada afaga

nem a chuva

 

dar um tchibuns

em blocos cordões

charangas bandas

 fanfarras

 

multidões travessas

cruzas urbanas

homens em seus leques

pileques, mo-lekes

salamaleques

piratas pirados

 

meninas arrastam

suas meias arrastadas

seus biquinis de brilhos

fora dos trilhos

ressaltam nádegas

arredondadas em

bundas empinadas

 

no meio do redemunho

manobras danças coletivas

extraordinários desacatos

pulsações carnais

na roda, um senhor

de setenta ou mais

 

ah!

sou um periférico

de estrutura férrea

perdido entre pingos

suores e água fresca

na nuca abrupta suada

 

o calor derrete a moringa

líquido ferve em frevos

o suor do sol da sede

não bebo cervejas

as juntas se juntam

e juntas, venceremos!

 

embalar as crias

em voos que zarpam

raspando o lado

precipício da corcunda

do Corcovado ao Pão

de Açúcar

d’onde ouvimos o coro

doce-inocente do samba

modernista do Oswald

na voz tropicalista de

Caetano

 

“no Pão de Açúcar

de cada dia

dai-nos Senhor

a poesia de cada dia

...no Pão de Açúcar.....

 

                                        Glória, 16.02.024



 

Luis Turiba


Liquidez

 

“ Tenho algo a dizer que digo a mim próprio.” (Federico García Lorca)

 

O sal da boca adoça a partida desesperada

Nada dobra a esquina ou consegue vergar a montanha inexpressiva

 

Os automóveis velejam como náufragos na morte do relâmpago.

 

O céu olha para cima

a  terra fecha-se em musgos incomunicáveis

 

Os moinhos viraram  torres imensas

favorecendo trilhões de comunicações liquefeitas

 

O que se lê, esvai-se, flagela-se

A hora torna-se inútil

 

O gato aperfeiçoa o pulo

e o homem cai de si mesmo

 

O medo corrói a pele e a expressão da dor

a velocidade transcende ao holocausto das coisas simples

 

A vida derrama-se, espalma-se no espanto do nada.

Eu me declaro aos silêncios impotentes.

 

Eurídice Hespanhol



                                CÓDIGO

A palavra é armadilha.
A palavra é cilada.
A palavra é trilha.
A palavra é água.

Cuidado!

Ao dizer amor diga amor.
Ao dizer medo diga medo.
Ao dizer horror diga horror.

Não a dilua em ardis.
Deixe-a livre
sem corretor corrente
e adjetivo.
Deixe-a substantivo.

Cuidado!

A palavra é dura.
A palavra é crua.

A palavra é casta.
A palavra é seca.
A palavra é nua.
A palavra se basta.

Tanussi Cardoso



                 Literato cantabile

 

agora não se fala mais

toda palavra guarda uma cilada

e qualquer gesto é o fim

do seu início;

agora não se fala nada

e tudo é transparente em cada forma

qualquer palavra é um gesto

e em sua orla

os pássaros de sempre cantam

nos hospícios.

 

você não tem que me dizer

o número de mundo deste mundo

não tem que me mostrar

a outra face

face ao fim de tudo:

 

só tem que me dizer

o nome da república do fundo

o sim do fim do fim de tudo

e o tem do tempo vindo;

 

não tem que me mostrar

a outra mesma face ao outro mundo

(não se fala. não é permitido:

mudar de idéia. é proibido.

não se permite nunca mais olhares

tensões de cismas crises e outros tempos.

está vetado qualquer movimento

 

Poeta da contracultura brasileira, Torquato Neto foi parceiro de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Edu Lobo  e Jard’s Macalé em épicas canções do Tropicalismo. Nos jornais, nas músicas, nos poemas, fluía dele, espontâneo, um ritmo mágico de palavras. Morto em 1972, foi alvo das chamadas “patrulhas de esquerda”, que policiavam ideologicamente o meio cultural. Não à toa, seu poema "Literato Cantabile" desafinava – e ainda desafina – com os dois lados da mediocridade.

 

Luis Turiba


TANKA para Torquato

lua escarlate –
não ter medo do inferno
é um dever do poeta.
tremeluz o vaga-lume,
anjo torto navilouco.
*
Ruisu Ukezara ルイス受け皿 (1962/2017) psicografado por Ziul Serip.


   A POESIA FICARÁ

 

mesmo que para sempre eu passe

haverá haverá casais

aos beijos às margens do sena

pescadores esparsos beira

pomba e ao largo do tejo

esse o fonema o dilema

passo a passo descompassado

eu passo para sempre eu passo

 

e passamos rumo ao esquecimento

que importa o poema febre fugaz

– peça passe compasso de passagem –

se o pôr do sol sempre brilhará

magnífico no palco de ipanema

pôr do sol que se esvai no céu e some

e apaga no quadro as minas-montanhas

 

e só sobra o poema feito poesia

homero ronsard shakespeare whitman

pessoa poe rimbaud baudelaire eliot

resta a poesia drummond cabral camões

 

a poesia ficará

anos muitos anos passados

e esse beijo à beira-sena

à beira-pomba beira-tejo

mãos mãos se enlaçando

namorados à beira rio

séculos séculos depois

sobrarão avencas acácias

e o forte aroma das magnólias

 

Ronaldo Werneck

 Cataguases, maio 2020

Publicado na Coletânea

 “Conexões Atlânticas”,

Lisboa, outubro de 2020


 

ENSAIO SOBRE AS MANHÃS

A porta do fim dá num beco inusitado,
repleto de recomeços.
Ninguém descobre o frescor do chão desabitado,
enquanto o medo jura seus infernos!
Mas se a vida chama e o sujeito mete a cara,
não há terror que o aterre em jardim morto.
Movem-se as horas de infinito e novidades,
que não cabem nas compotas das certezas.
O vento descabela de improviso as folhas,
forrando de beleza o caminhar
(e há dor na rebentação dos ramos).
Os dias são bichos indomados,
sem nome e classificação:
ninguém se socorre do sofrer por adivinhação,
nem pondo tranca nos abraços.
A vida entra em qualquer gruta
e cata o ente debaixo de pedra,
quando cisma de ensinar pelo padecer.
Também o sol invade o olho agoniado,
devolve o infeliz ao sonho,
e transforma em liquidez seu sangue coagulado.
O certo é que nunca se sabe o que a manhã assina:
e a sorte é o não saber!

Carmen Moreno

Livro “Sobre o Amor e Outras Traições”, Editora Patuá. 


oculta em desencanto

               inaudível em meu ouvido

             não há cor por tanto pranto

                  não há grito sem ruído

 

              vejo a espinhosa folhagem

                contorcer-se em rebeldia

              no concreto mais selvagem

                    a mais bruta poesia

 

                  e o mau cheiro defluindo

                     o aroma da liberdade

                é sujo e escuro o que sinto

                eiva a flor por entre grades

 

                        (Jorge Ventura)



OROBORUS

  

Ao meio dia um galo branco cantou
em minha janela
nesse instante fiquei a pensar na palavra deus e se ao meu modo creio o mundo é feito de palavras
esse deus pertence a quem o escreve e a quem lhe inventa o momento primeiro
e lhe dá forma e lhe diz do derradeiro
esse canto ao meio dia desse dia
em que eu assim como o galo
desaprendi a língua dos relógios
me fez lembrar de que eu esqueci o nome dos dias e dos meses e me fez querer desinventar este ano que termina na palavra vinte
e me fez pensar na palavra deus
e no desejo de caminhar no rastro do começo
lá onde tudo era nu e sem nome
no chão do princípio onde irrompe a luz
na dobra do que não era tempo
na quebra do silêncio
acordei hoje ao canto desse galo branco
ao meio desse dia de palavra calendária inventada e escrita pelo humano
e fiquei a pensar que tudo que sabemos é o tudo que lembramos ou é o tudo que lembraram por nós
assim sabemos quando lembramos do salmo escrito por um ancião que nem nasceu ou lembramos de um continente que já foi mar ou lembramos da corredeira de um rio que já secou ou lembramos de uma língua que já morreu
um galo branco em minha janela cantou
me acordou e me fez pensar na palavra deus
e na palavra tempo
esse tempo-deus uma palavra
escrita em linhas de sombras
esse deus erguido e fechado em oroborus palavra que vinga – retorna e nos aprisiona no tempo do sem fim
dessa aldeia circunscrita ao verbo

 

Wanda Monteiro 


          almodóvar

 

um filme do almodóvar

pra te dizer 

tá tudo bem, 

            mas é mentira

 

                                           Fábio Pessanha

 Obs.: Poema “almodóvar” presente no livro “na escuta o gatilho”, publicado por Rizoma Projetos Editoriais, em 2023.

leia mais do Fábio Pessanha você pode através do seu perfil no Instagram

https://www.instagram.com/fabiospessanha?igsh=eXVyam5pb3lmeHdy

e no seu site palavra : alucinógeno - https://viciovelho.com/palavra-alucinogeno/



"Pessoas como Nós"

Todas as pessoas sabem,
Todas as pessoas dizem,
Ou começamos a ir
Ou teremos que esperar

Enquanto as pessoas tentam
Nosso sol nunca se atrasa,
E dia após dia, noite após noite,
Pessoas como nós
Escolhem a melhor maneira
Para que você possa descansar na vida.

Pare o intervalo,
O tempo acabou,
E todas as pessoas permanecem
Como sombras no espelho do verão

 

Igor Calazans

Igor Calazans - Poeta, Jornalista e Produtor Cultural. Nascido em Niterói-RJ, é autor de 5 livros, além de participações destacadas em importantes antologias nacionais. Atualmente é editor do site RecantodoPoeta.com , coordenador do Movimento LaB Poético e curador do Sarau Epoché.


olha a metáfora clara

as vezes mesmo quando digo

não consigo dizer tudo

quase sempre viro gema mudo 


baby me diz

 que vai ser feliz

quando eu disser tudo

o que  tenho para dizer

do outro lado da luz

embora já tenha dito

uma porção de coisas raras

 baby ainda me declara

 que quer mais

antes da quinta feira

na hora  do por do sol

 

minha musa 

tem um jeito 

de fernanda takai 

do pato fu 

não lhe disse que sou poeta

 mas ela encontrou meu nome

 encravado na carne do azulejo azul 

enquanto me embriagava

 ouvindo gal cantando um blues


mamãe mamãe não chora

a vida é assim mesmo eu fui embora 

 

Artur Gomes

www.fulinaimagens.blogspot.com



DOR ELEGANTE

Um homem com uma dor
É muito mais elegante
Caminha assim de lado
Com se chegando atrasado
Chegasse mais adiante

 

Carrega o peso da dor
Como se portasse medalhas
Uma coroa, um milhão de dólares
Ou coisa que os valha

 

Ópios, édens, analgésicos
Não me toquem nesse dor
Ela é tudo o que me sobra
Sofrer vai ser a minha última obra

 

                      Paulo Leminski


Verdade Provisória

Jards Macalé e Paulo José cantame e recitam Torquato Neto

https://www.facebook.com/verdadeprovisoria/videos/1459968647638248

 

PESSOAL INTRANSFERÍVEL

 escute, meu chapa: um poeta não se faz com versos. é o risco, é estar sempre a perigo sem medo, é inventar o perigo e estar sempre recriando dificuldades pelo menos maiores, é destruir a linguagem e explodir com ela. nada no bolso e nas mãos. sabendo: perigoso, divino, maravilhoso. poetar é simples, como dois e dois são quatro sei que a vida vale a pena etc. difícil é não correr com os versos debaixo do braço. difícil é não cortar o cabelo quando a barra pesa. difícil, pra quem não é poeta, é não trair a sua poesia, que, pensando bem, não é nada, se você está sempre pronto a temer tudo; menos o ridículo de declamar versinhos sorridentes. e sair por aí, ainda por cima sorridente mestre de cerimônias, "herdeiro" da poesia dos que levaram a coisa até o fim e continuam levando, graças a Deus. e fique sabendo: quem não se arrisca não pode berrar. citação: leve um homem e um boi ao matadouro. o que berrar mais na hora do perigo é o homem, nem que seja o boi.  adeusão.

 

                                   Torquato Neto 


Navilouca, revista cultural publicada em 1974, elaborada pelos poetas Torquato Neto e Waly Salomão, influenciada pelo movimento concretista e pelo Tropicalismo. Torquato não chegou a ver seu projeto se concretizar, pois morreu dois anos antes



Mamãe, coragem

Caetano Veloso/Torquato Neto

gravada por Gal Costa no disco Tropicália -

Panis Et Circence - 1968

Mamãe, mamãe não chore

A vida é assim mesmo, eu fui embora

Mamãe, mamãe não chore

Eu nunca mais vou voltar por aí

Mamãe, mamãe não chore

A vida é assim mesmo, eu quero mesmo é isto aqui

Mamãe, mamãe não chore

 

Pegue uns panos pra lavar, leia um romance

Veja as contas do mercado, pague as prestações

Ser mãe é desdobrar fibra por fibra os corações dos filhos

Seja feliz, seja feliz

Mamãe, mamãe não chore

Eu quero, eu posso, eu quis, eu fiz

Mamãe, seja feliz

 

Mamãe, mamãe não chore

Não chore nunca mais, não adianta

Eu tenho um beijo preso na garganta

Eu tenho um jeito de quem não se espanta

Braço de ouro vale dez milhões

Eu tenho corações fora do peito

Mamãe, mamãe não chore, não tem jeito

 

Pegue uns panos pra lavar, leia um romance

Leia Elzira, A Morta, A Virgem, O Grande Industrial

Eu por aqui, vou indo muito bem

De vez em quando brinco carnaval

E vou vivendo assim

Felicidade na cidade que eu plantei pra mim

E que não tem mais fim, não tem mais fim

Não tem mais fim


CÂNTICO PARA ENLOUQUECER CRISTO

 Acha, lenha, poética, para queimar.

 Acha, diz a mulher da tribo, é um pedaço de madeira que se recolhe ou não para usar no fogo. Poeticamente se diz no feminino, e bem mais bonito. Agora, os homens civilizados padecem desta palavra-só verbo no masculino, inclusive para disfarçar as invasões às tribos indígenas. Acho. Disfarçado de certeza. É a relatividade das tensões entre o sagrado e o profano, pois temos rituais pagãos aqui dentro e o civilizado dos povos das cidades, dos governos, este de agora. Acho no masculino e toda sua vertente violenta: eu acho você. Eu tiro madeira, corto exageradamente para carvão, serrarias. Macho, esta vertente do existir na dúvida? Mentira. Eles são os povos da convicção. Da maldade. O ovo da serpente. As palavras parecem saber de seus desígnios. Machocar - uma derivação do macho. Invadir, perpetrar, violentar. A espécie perpetrada ao invés de perpetuada. Enquanto aqui, as mulheres acham lumes através de lenhas-prenhas. Muitas mulheres fagulham palavras por aqui através da alquimia da palavra bacante, enquanto os homens usam seus bacamartes para contar tiros ao pé da letra, comendo nossas versões sobre os fatos, destruindo os versos das rendeiras das palavras que fazem cortinas para lume descortinar o véu das coisas. Achar um fogo à beira do rio? Parto das cantigas para boi dormir ou melhor desmaio prenhe da certeza.

 Fernando Andrade 

*

conheça um pouco mais o trio produtor da Balbúrdia Poética 3 - 

Artur Gomes

É poeta. ator. produtor cultural e vídeo maker. Em 2023, criou o projeto Campos Veracidade  para a Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima onde atualmente atua na coordenação cultural em Campos dos Goytacazes-RJ. 

Livros Publicados: Um Instante No Meu Cérebro(1973), Mutações Em Pré-Juízo(1975), Além Da Mesa Posta(1977), Jesus Cristo Cortador de Cana(1979), Boi-Pintadinho(1980-1981), Suor & Cio(1985), Couro Cru & Carne Viva(1987), 20 Poemas Com Gosto de JardiNÓpolis & Uma Canção Com Sabor De Campos(1990), Conkretude Versus ConkrEreções(1994), BraziLírica Pereira : A Traição das Metáforas(2000),  SagaraNAens Fulinaímicas(2015), Juras Secretas(2018), Pátria A(r)mada(2019), O Poeta Enquanto Coisa(2020), Pátria A( r)mada, 2ª Edição revista e ampliada(2022), O Homem Com A Flor Na Boca(202). 

De 1975 a 2002 coor­denou a Oficina de Artes Cênicas da ETFC – CEFET-Campos – no IFF Instituto Federal Fluminense. Em 1993, criou o proje­to Mostra Visual de Poesia Brasileira, Mário de Andrade – 100 Anos, realizado pelo SESC-SP. Em 1995, criou o projeto Reta­lhos Imortais do SerAfim – Oswald de Andrade Nada Sabia de Mim – realizado pelo SESC-SP. De 1996 a 2016, coordenou o Departamento de Audiovisual do Proyecto Sur Brasil – Bento Gonçalves-RS – realizando Mostras Cine.Vídeo na programa­ção do Congressso Brasileiro de Poesia. Em 1999,  criou o FestCampos de Poesia Falada, projeto que é realizado até hoje pela Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima. De 2014 a 2016, dirigiu Curso de Artes Cênicas no SESC – Campos. Em 2018 e 2019, o autor lecionou no Curso Livre de Tetro da Fun­dação Cultural Jornalista Oswaldo Lima. Em 2018, participou como convidado do I Festival Transepoéticas no Museu Naa­cional de Brasília-DF. Em 2021, Curador do 1º Festival Cine Vídeo de Poesia Falada que é realizado na página Studio Fuli­naíma Produção Audiovisual no Facebook*.

Em 2019 criou o projeto Balbúrdia Poética, com duas edições realizadas na Taberna de Laura, em Copacabana – Rio de Janeiro, com a participação de  diversos poetas convidados. 

Em 2022, integrou a Mostra Bossa Criativa, Arte de Toda Gente, realizada pela FUNARTE-Rio. Foi também curador da Mostra Cine e Ví­deo de Poesia Falada realizada pelo SESC Piracicaba. Realizou 7 edições do projeto Geleia Geral – Semana de 22 – 100 Anos Depois, na Santa Paciência Casa Criativa em Campos dos Goytacazes-RJ. Em 2023 realizou 8 edições do Sarau Multilinguagens no Museu Histórico de Campos, no Teatro de Bolso, no Jardim do Liceu e no Palácio da Cultura em Campos dos Goytacazes-RJ. No momento em parceria com Tchello  d`Barros e Luis Turiba prepara a Balbúrdia Poética 3 – Torquato Leminski a + de 80 a ser realizada no dia 24 de Abril no Bar do Ernesto – Lapa – Rio de Janeiro. 

*

TCHELLO D’BARROS© | BIO RESUMIDA

Tchello d’Barros
atua há três décadas nas linguagens artísticas da Literatura, Artes Visuais, Teatro e Audiovisual, no Brasil e Exterior. Nascido em Brunópolis (SC) em 1967, morou em 15 cidades, realizou atividades culturais em todos os Estados do Brasil, deambulou por 20 países, produzindo o conjunto de sua obra a partir de Blumenau, Maceió, Belém e Rio de Janeiro, onde está radicado desde 2013. Atua profissionalmente com produção cultural, roteiros p/ audiovisual e curadorias/editorias independentes, ministrando também palestras e oficinas literárias em eventos e instituições culturais. Passou por diversas universidades estudando Literatura, Artes Visuais, Teatro e Cinema, graduando-se em Comunicação Social na UFRJ, onde atualmente cursa Mestrado. Publicou os livros: “Palavrório” (1996), “Olho Nu” (1996), “Letramorfose” (1998), “Olho Zen” (2000), “Afloramor” (2003), “Cordelaria Tchellópolis” (2008), “Convergências” (2015), “Interlocutórios” (2016), “Cataclísmica (2018/2024) e “Estesias Crônicas” (2024), disponíveis tb nas plataformas digitais. Seus contos, crônicas, artigos, ensaios e poemas também estão publicados em mais de 100 coletâneas, antologias e livros didáticos, além de veicular seus escritos regularmente em diversos meios impressos e virtuais. Tem itinerado com a mostra Convergências, uma retrospectiva de suas criações em Poesia Visual, projeto que inclui palestra, oficina, livro, vídeo, curadorias e debates. Fundou na internet o The Virtual Museum of Visual Poetry, maior comunidade mundial em torno da Poesia Visual. Autografou seus livros em edições das Bienais do Livro de São Paulo e Rio, participando das principais feiras do livro do Brasil; Suas obras visuais já integraram mais de 200 exposições pelo Brasil e em diversos países, como no Centre d’Art Contemporain (Suíça), no Museo Sperimentale d’Arte Contemporanea (Itália) ou no anuário de artes Maintenant (EUA). Suas criações visuais, textuais e cinemáticas já foram expostas/publicadas/exibidas em Argentina, Chile, Colômbia, Venezuela, México, USA, Portugal, Espanha, França, Itália, Alemanha, Inglaterra, Suíça, Hungria, República Tcheca, Índia, Turquia, Dubai e Uruguai. Integrou o Colegiado Setorial de Artes Visuais (2004-2010 Minc/Funarte) na formulação do Plano Nacional de Cultura – PNC. Participou em variadas funções em mais de 50 produções em Cinema/Audiovisual. Realizou diversas curadorias em instituições como Museu da República, CCBB-Rio, Funarte e eventos nacionais como o Fórum Brasileiro de Literatura (SC), Congresso Brasileiro de Poesia (RS), Encuentro Internacional de Escritura Migrante I-Poem@ (MG) e outros em vários países latino-americanos. O conjunto de sua obra vem amealhando dezenas de resenhas críticas, além de estudada academicamente, seja com citação em artigos ou objeto de pesquisa, como na dissertação “Three Visual Poems”, por M. Duerksen (Stetson University/EUA) e tema do pós-doutoramento “Tchello d’Barros Olhos de Lince – Poesia Visual em Perspectiva”, por R. Barcellos, (UFRJ). A produtora de audiovisual Cinsete realizou o documentário “Tchello Plural”, sobre seus 30 anos de atividades artísticas. Entre as distinções, premiações e certificações recebidas, destacam-se: Troféu Gigantes (SC); Prêmio Espia 2007/2008/2009 (AL); Prêmio Mérito Literário/ICEN (PA); Outorga Chanceler Cultural - ASBAERJ (RJ); Prêmio Expoente da Cultura Nacional - Mov. União Cultural (SP); Troféu Polem Poeta do Ano (RJ); Homenageado no projeto CiênciaCult (RJ); Medalha e diploma de honra ao mérito Brazilian Peace, Literature, Sustaintability and Arts - Associação Internacional de Poetas (MS); Artista homenagrado no Sarau Fio Multicultural; Ordem do Mérito Cultural Personalidade Cultural das Letras e Artes – ACLAPTCTC (ES); Medalha de Personalidade Cultural pela ABLAP; Outorga Personalidades em Destaque – ANBA (RJ); Autor nacional homenageado no 36º Psiu Poético (MG); Poeta homenageado no projeto Gente de Palavra (SP); Homenagem da AIP/SC; Homenagem Amigos da Cultura/Sec. Cult. de Blumenau (SC); Moção de Aplauso do Instituto Florescer e Câmara Municipal de Niterói; Troféu Arte em Movimento, entre outros.

(photo by Vanessa Angelo)

*

Luis Turiba vem do fermento poético-cultural que formou no Brasil a partir de 1968.

A barra pesou e nossa geração respondeu com pedras, tiros, poemas ao som de canções tropicalistas e filmes de Glauber Rocha.

Luis Turiba vem dessa juventude que foi as ruas e inventou um novo tipo de fazer Poesia.

Até que fundou a revista Bric a Brac em Brasília junto com Antonio Risério, João Borges, Lucia Leão, Resa e Augusto de Campos. Na virada do século voltou a ocupar seu lugar entre os poetas de sua geração no Rio, publicando tres livros pelo 7 Letras.

Agora, escreve ha mais de ano o livro autobiográfico “Viva Zé Pereira - Aventuras e Desventuras de uma geração, planejado para sair em 2025.

Luis Turiba trabalhou com Gilberto Gil por 4 anos na re-fundação do Ministério da Cultura cujo programa principal foram os “Pontos de Cultura” implantados no Brasil por intermédio da política fo Don In Antropológico.



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