bagatela
ora pro nobis
enchovalhado capitão sem recato
cora com seus dedos e pés
essa insuportável bulemia tribal sem resina
imergi tal qual touro insuportável
tudo do que a potranca felicidade borrifa
súplica de conventos rastros pastos ruins
tritura com sua língua bardo
o verossímil da carcaça de tantos couros crus por onde esses
trancos desses pastos sem crina
fervilham os restos dos museus de milhares desses crentes
pobres pingentes de lentes
gengivas sem dentes
escarra sempre mestre
no âmago desse infortúnio dessa res fezes
desespero dessa raça
pantano de pandemônio e pavor
e como eterna antena lanterna rebelde insurrecta
escolhe o verbo mais vil
espalhando por sobre esse mundo patife
o bile que ninguém fascina em degustar.
bula
lá se vão as letras
carcomidas como cadáveres
entre a beira mar
e o arquipélago dos nossos ossos
lá se vão as letras
palavras vestidas de covardia e coragem
como umas naus
estibordo de canoas
e abismos
tal como a conhecemos na infância
com lágrimas nos olhos
e o mundo chamando para entendê-lo
lá se vão as letras
umas cavernas cobertas de silêncios
e do furor de cada casa dos humanos
que pululam pelas aldeias e meiotas de becos sem saídas
lá se vão
as letras
como hóspedes do íntimo de cada espanto
soletrado
como uma cacimba de dentro
dos nossos desconhecidos quintais
e ventanias sem fim
então
que as letras nos comam
que as letras nos consumam
como espantalhos
apanágios de flores
e da imensidão das nossas indecisões
e vazios.
Carlos Gurgel
Nenhum comentário:
Postar um comentário