sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Balbúrdia PoÉtica - 2025

Uma das edições em 2025 será realizada em Santo André-SP - alguns poetas/parceiros estarão comigo nesta jornada tias como: Zhô Bertholini, Jurema Barreto, Dalila Teles Veras, Rosana Chispim, Paulo Dantas, Rubervam Du Nascimento  etc.

 

 

                              transposição

 

na calada do dia

a dor desdorme

em sobressalto

em silêncio convulso

 

se

            desse para ver

            com os olhos alheios

            pudesse crer

           com a fé dos outros

 

calmaria

 

as horas só

contradizem toda

ilusão

 

Rosana Chrispim

In Caderno de Intermitências

Patuá – 217

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me arrepio

dos pés dos cabelos

aos pelos da película

da medula

quando ouço

uma jura secreta

na boca do poeta

com sua língua

fornalha

faz tempo muito tempo

desde a sua carNAvalha

que o meu rio se estremece

           e aí eu rogo em prece

que o meu corpo ainda valha

     uma palavra no teu cio

 

                         Irina Serafina

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 VeraCidade

 

pedra de toque

pedra de rock

veracidade meu bodoque

tem seu preço

na minha idade esta cidade

ainda não conheço

ninguém sabe escrever o endereço

desde os tempos

das colônias dos impérios

dos tropeiros dos tropeços

 

irina passeia à beira mar vestida de maresia beija no vento o sal do suor da pele nua quando senta na pedra do sossego gozando a liberdade de ser unicamente sua

 

                                     Artur Gomes

 

surucabano

 

chiriquela gata magrela

com sua boca da guesa

me pergunta da janela

por sua mãe portuguesa

dandara a psicopata

de família  irlandesa

traiu a confidência de zapatta

no carnaval pernambucano

matou o pai numa  gravata

e se alistou no exército mexicano

 

                        Federika Lispector

 

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Itabapoana Pedra Pássaro Poema

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Artur Gomes

 Pátria A(r)mada

 

Prêmio Oswald de Andrade

UBE-Rio – 2022

 2ª Edição Revisada e Ampliada

                    Fulinaíma

 Campos dos Goytacazes, 2022

*



Desconcertos Editora 
ILUSTRAÇÃO 
Felipe Stefani 
PROJETO GRÁFICO
 Genilson Soares

*
Todos os direitos reservados. A reprodução de qualquer parte desta obra só é permitida mediante autorização do autor e da Produtora Filinaíma Multiprojetos.

TRÊS TOQUES PARA PENETRAR NA NOITE ESCURA DESTA PÁTRIA A(R)MADA
Ademir Assunção

 1 Artur Gomes é daqueles poetas que não se contentam em grafar suas palavras apenas nas páginas de um livro. Ele inscreve seus poemas no próprio corpo, na própria voz. Misto de ator saltimbanco e trovador contemporâneo, seus versos ritmados e musicais redobram a força quando saltam do papel para a garganta. 

 O CD Fulinaíma – Sax, Blues Poesia, que gravou em parceria com os músicos Dalton Freire, Luiz Ribeiro, Naiman e Reubes Pess, nos primórdios deste terceiro milênio, é uma das experiências mais bem-sucedidas da fusão entre poesia oralizada e música: os versos lancinantes surgem como navalhas de corte preciso entre os blues, bossas, rocks e baladas.
Navalhas que acariciam, mas também cortam a pele do ouvinte. 

 Há delícia e dor em sua poética. Uma delícia sensual, sexual, que se explicita em versos como

 “poderia abrir teu corpo / com os meus dentes / rasgar panos e sedas // com as unhas /arreganhar as tuas fendas / desatar todos os nós // da tua cama arrancar os cobertores / rasgando as rendas dos lençóis”. 

Há dor por uma terra prometida e sempre adiada, “por uma bandeira arriada / num país que não levanta”. 

É nesse espaço entre a delícia e a dor que o trovador levanta sua voz e emite seus brasões em alto e bom salto, a plenos pulmões: 

“eu não tenho pretensões de ser moderno / nem escrevo poesia pensando em ser eterno / veja bem na minha língua as labaredas do inferno / e só use o meu poema com a força de quem xinga”. 

Cada poeta escolhe sua tribo, reinventa seus ancestrais. A tribo de Artur Gomes vem de uma vasta tradição de trovadores inquietos e inquietantes, hábeis no trato do verso e ferinos no uso do humor, do amor e da revolta. Uma linhagem que vai de Arnaut Daniel a Zé  Limeira e passa por Oswald de Andrade, Torquato Neto, Paulo Leminski e Uilcon Pereira, para listar alguns. Cada poeta inventa também o território mítico onde mergulha sua poesia e sua própria vida. Alguns de maneira explícita, outros, mais velada. Há muitos anos surge na poesia de Artur o termo “Fulinaíma”, como uma Macondo espectral, que perpassa livros, sobe aos palcos, atravessa as faixas do CD. Seria um território de folias
 macunaímicas, uma terra de prazeres e ócios criativos, avessa ao eterno passado colonial que não conseguimos nunca superar, como o fantasma de antigos engenhos em que 

a “usina / mói a cana / o caldo e o bagaço // usina / mói o braço / a carne o osso // usina / mói o sangue / a fruta e o caroço // tritura suga torce / dos pés até o pescoço”? 

3

Artur Gomes é também daqueles poetas que vivem reescrevendo seus poemas, reinserindo-os em outros contextos, reinventando 

“a poesia que a gente não vive”, aquela mesma que transforma “o tédio em melodia” - para relembrar Cazuza, outro bardo pertencente a mesma tribo. Quem acompanha sua trajetória errante e anárquica provavelmente vai identificar neste livro poemas já publicados em outros – porém, com modificações de tonalidades, de timbres, de intenções. 

Se não é despropositado pensar que Dante Alighieri enxertou em sua Divina Comédia inúmeras desavenças políticas, sociais e culturais de sua época e mandou para o inferno pencas de seus inimigos florentinos, é interessante perceber este Pátria A(r)mada reinventado no contexto deste Brasil que retrocedeu décadas depois do golpe político-jurídico-midiático deflagrado em 2016.

 Esses tempos passarão, é certo, mas este livro ficará – como um potente desconforto, um desajuste, um desconcerto desse mundo cão e chão. Se vale como trágica profecia – ao modo do cego Tirésias –, após um breve período de sonhos que mais uma vez não se cumpriram, os olhos abertos desses versos ecoarão nos ouvidos de muitos e cortarão a carne de tantos:

 “ó, baby, a coisa por aqui não mudou nada / embora sejam outras siglas no emblema / espada continua a ser espada / poema continua a ser poema”. 

Ademir Assunção – poeta, escritor, jornalista e letrista de música brasileira. Autor de livros de poesia, ficção e jornalismo, venceu o Prêmio Jabuti 2013 com A voz do Ventríloquo (Melhor Livro de Poesia do ano). Poemas e contos de sua autoria foram traduzidos para o inglês, espanhol e alemão, e publicados em livros e revistas na Argentina, México, Peru e EUA

fome é tema de ensaio fotográfico com ossos à venda em bandejas

come osso menina

come osso menino

não há mais metafísica no mundo

do que comer osso

 

no açougue ou no mercado

 osso de graça já foi dado

 hoje é vendido hoje é comprado come osso maria

 come osso mané

come osso joão

com arroz e feijão quebrado

porque nesse país sem nome

 temos que comer osso

 para matar a nossa fome


já podeis da pátria, filho ver demente a mãe gentil já raiou a liberdade em cada cano de fuzil salve lindo fuzil que balança entre as pernas a(r)madas da paz a gripezinha era a certeza esperança de um genocida imbecil incapaz


*

A

 vida sempre em suspense

alegria prova dos nove

 fanatismo nã0 me convence muito menos me comove

navegar é preciso 

 para Fernando Aguiar 


 Aqui redes em pânico 

pescam esqueletos no mar

 esquadras descobrimento

 espinhas de peixe convento 

 cabrálias esperas relento

 escamas secas no prato 

 e um cheiro podre no AR 


 caranguejos explodem

 mangues em pólvora 

 é surreal a nossa realidade 

tubarões famintos devoram cadáveres 

em nossa sala de jantar

 como levar o barco e

m meio a essa tempestade?

 navegar é preciso 

 mas está dificilíssimo navegar

* 

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Assembléia Geral e Irrestrita

 

De caráter urgentíssimo Federika Lispector convocou uma assembléia conjunta entre a Mocidade Independente de Padre Oliváco – A Escola De Samba Oculta No Inconsciente Coletivo e a cúpula diretora da Igreja Universal do Reino de Zeus, para tornar público resultado da pesquisa de Pastor de Andrade nas cidades de Alombradado e Cu-deburro, sobre crimes eleitorais praticados mas eleições municipais de 2024, e ao mesmo tempo oficializar o noivado de Marcelo Brettas e Rúbia Querubim, que possivelmente se dará no lançamento do livro Vampiro Goytacá Canibal Tupiniquim marcado para 2025.

 

Irina Severina

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É Hoje!
poetas confirmados para particiapações:

Abel Coelho, Alessandro de Paula, Antonio Carlos Pedro, Arnaldo Afonso, Beatriz Helena Ramos do Amaral, Benedito Bergamo, Bety Vidigal, Carolina Montone, Celso de Alencar, Claudio Daniel, Claudio Laureatti, Deolinda Nunes, Deslandi Torres, Dilene Barreto,
Dione Barreto, Elcio Fonseca, Fabiano Fernandes Garcez, Flora Figueiredo, Franklin Valverde, Ieda Estergilza Abreu, Ikaro Max, Joaquim Celso Freire, José Antonio Gonçalves, Junior Belle, Manogon Manoel Gonçalves, Marcelo Brettas, Marlene Araujo, Moreira de Acopiara, Noélia Ribeiro, Renata Magliano Marins, Roberto Bicelli, Rosani Abou Adal, Roza Moncayo, Rubervam Du Nascimento, Sandra Regina, Sergio Ravi Rocha, Shirlene Holanda, Silvia Helena Passarelli

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O Poeta Enquanto Coisa, de Artur Gomes -  lançado em 2020 pela Litteralux com prefácio de Igor Fagundes, tem relançamentos dia 3 de dezembro 19h, na Balbúrdia Poética 4,  Patuscada, Livraria Café & Bar – Rua Luís Murat, 40 – São Paulo-SP e dia 7 de dezembro no Saralpha - Alpharrabio, Santo André-SP

Artur Gomes – assinatura por vir, heteronímica, heteromórfica – assim apresenta em O poeta enquanto coisa suas juras não mais secretas, mas públicas, ainda púbicas, aos afetos que compõem e decompõem sua literaturavida. Seus versos são rascunhos, rasuras e ranhuras a passar a limpo os nexos e os nervos de sua fatura formal e estilística, deixando sobre a página tanto um rastro de unha quanto o esmalte dos escritos e vozes que em sua alma avultam e nos dedos instauram cutículas. 

Fragmento do prefácio de Igor Fagundes, doutor em Letras pela UFRJ, autor os livros Pensamento Dança, Macumbança e do recém lançado Santo. 

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No próximo dia 23 às 16:hs à convite da minha amiga Renata Barcellos BarcellArtes estaremos nessa live em homenagem a memória de Antônio Cícero

https://www.youtube.com/live/ed5vFBpRtdQ?feature=shared



DIAMANTE 

O amor seria fogo ou ar

em movimento, chama ao vento;

e no entanto é tão duro amar

este amor que o seu elemento

deve ser terra: diamante,

já que dura e fura e tortura

e fica tanto mais brilhante

quanto mais se atrita, e fulgura,

ao que parece, para sempre:

e às vezes volta a ser carvão

a rutilar incandescente

onde é mais funda a escuridão;

e volta indecente esplendor

e loucura e tesão e dor.


Guardar:

“Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.

Em cofre não / se guarda coisa alguma. Em cofre perde-se a coisa à vista. / Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por admirá-la, isto / é, iluminá-la ou ser por ela iluminado. / Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por ela, isto é, / velar por ela, isto é, estar acordado por ela, isto é, estar por ela / ou ser por ela. / Por isso melhor se guarda o voo de um pássaro / Do que pássaros sem voos. / Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica, por isso se / declara e declama um poema: / Para guardá-lo: / Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda: / Guarde o que quer que guarda um poema: / Por isso o lance do poema: / Por guardar-se o que se quer guardar.”

 

“O FIM DA VIDA

 

Conhece da humana lida

a sorte:

O único fim da vida

é a morte

e não há, depois da morte,

mais nada.

Eis o que torna esta vida

sagrada:

Ela é tudo e o resto, nada.”

 

Antônio Cícero

 

INVERNO

Antônio Cícero musicado e gravado por Adriana Calcanhoto

 

No dia em que fui mais feliz

Eu vi um avião

Se espelhar no seu olhar até sumir

De lá pra cá não sei

Caminho ao longo do canal

Faço longas cartas pra ninguém

E o inverno no Leblon é quase glacial

Há algo que jamais se esclareceu

Onde foi exatamente que larguei

Naquele dia mesmo

O leão que sempre cavalguei

Lá mesmo esqueci que o destino

Sempre me quis só

no deserto sem saudade, sem remorso só

Sem amarras, barco embriagado ao mar

Não sei o que em mim

Só quer me lembrar

Que um dia o céu

reuniu-se à terra um instante por nós dois

pouco antes do ocidente se assombrar.


Antônio Cícero

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e ela vai pintando

 o homem com a flor na boca

 com seus pincéis de aquarela

 poema que só é possível

pelas lentes dos olhos dela

 

Artur Gomes

poema do livro

O Homem Com A Flor Na Boca

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*

          MOENDA

 

usina

mói a cana

o caldo e o bagaço

 

usina

mói o braço

a carne o osso

 

usina

mói o sangue

a fruta e o caroço

 

tritura suga torce

dos pés até o pescoço

 

e do alto da casa grande

os donos do engenho controlam

:

o saldo e o lucro

 

Artur Gomes

dos livros - Suor & Cio - 1985

e Pátria A(r)mada - Editora Desconcertos – 2019 – Prêmio Oswald de Andrade – UBE-Rio 2020 – 2ª Edição – 2022

Fulinaíma MultiProjetos

fulinaima@gmail.com

22 99815-1268 – zap

@fulinaima @artur.gumes 


                              metáfora

 

meta dentro meta fora

que a meta desse trem agora

 é seta nesse tempo duro

meta palavra reta

 para abrir qualquer trincheira

na carne seca do futuro

meta dentro dessa meta

a chama da lamparina

com facho de fogo na retina

 pra clarear o fosso escuro

 

Artur Gomes

Poema do livro Pátria A(r)mada

Prêmio Oswald de Andrade – UBE-Rio- 2020 - Desconcertos Editora –

2ª Edição 2022

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Artur Gomes – FULINAIMAGENS

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