quinta-feira, 20 de março de 2025

mostra visual poesia brasileira

A

Mostra Visual De Poesia Brasileira, projeto criado por Artur Gomes, 1983 chega ao seu 42º aniversário, e para comemorar vamos fazer uma nova Edição durante a realização da Balbúrdia POÉTICA 6 – Dia 17 Maio – 2025 – 20h na USINA4 Casa das Artes – Rua Geraldo de Abreu, 4 - Cabo Frio-RJ




          Qual é a chave do cansaço?

de que talvez nem tudo valha a pena

sendo a alma grande ou pequena

 

Qual a chave do destino?

a covardia bate na porta

e parece te convidar para dançar

 

Não há chave nem porta

apenas um silêncio na aorta

e este conhaque tão comovente...

 

Qual é a chave do universo?

 

Jidduks

 

nos olhos amplificadores

 no ouvido e estimulantes no pau , quero ser o miolo desse boi,

antes do matadouro geral

da brincadeira real.

 

José Facury Heluy

* 

SER OU NÃO TER

 

Para a nossa eterna anarquia

cabocla,

caiçara,

caipira,

seja qual nome queiram dar,

o pai do posto maior

nunca nos serviu bem

 

Qual mito vamos necessitar?

Um místico apocalíptico

Tipo o Conselheiro

ou um militar genocida

Tipo o Caxias ...?

 

Se é pra ter nessa politrica um pai,

melhor um que nos prometa o céu

ou um que nos arremeta ao inferno?

 

José Facury Heluy


o amor não é apenas um nome

que anda por sobre a pele

 

Gigi Mocidade 

tenho sangrado demais

tenho chorado pra cachorro

ano passado eu morri

mas esse ano eu não morro

 

Belchior 

tudo é perigoso

tudo é Divino maravilhoso

atenção para o refrão:

é preciso estar atento e forte

não temos tempo de temer a morte

 

Caetano Veloso 

"Nunca fomos catequizados fizemos foi carnaval".

Oswaldo de Andrade.

 

 Nunca fomos colonizados, fizemos foi Balbúrdia anti-colonial.

                                   Sady Bianchin


 

corpoesia

 

no sarau

a poesia

muda

 

no corpo

a língua

muda

 

na língua

a vida

vive

 

César Augusto de Carvalho


com uma câmera nas mãos

um poema na cabeça

vamos filmar o poema

antes que desapareça

 

Artur Gomes


eco lógica

 

fosse o brasil

mulher das amazonas

caminhasse passo a passo

disputasse mano a mano

guardasse a fauna e a flora

da fome dos tropicanos

 

ouvisse o lamento dos peixes

jandaias araras ciganos

e nossos indígenas africanos

não estaríamos assim condicionados

aos restos do sub-humano

 

Artur Gomes

Dos livros: Couro Cru & Carne Viva – 1987

 *

O poema

dentro de mim
morreram muitos tigres
os que ficaram
no entanto
são livres

Lau Siqueira 


me visto de poesia

quando encarno faustino

com kimono de judô

um prefácio no intestino

na estrada que o destino

me bashô

 

Rúbia Querubim

*


Eu queria tornar a língua molhada.

Fazer a palavra retornar pra boca.

É a língua da boca que fala a língua.

Palavra vem molhada de saliva.

 

Viviane Mosé

do livro desato 

Prefácio

 

Quem fez esta manhã quem penetrou

À noite os labirintos do tesouro.

Quem fez esta manhã predestinou

Seus temas a paráfrases do touro.

As traduções  do cisne: fê-la para Abandonar-se  a mitos essenciais,

Deflorada por ímpetos de rara

Metamorfose alada, onde jamais

Se exaure o deus que muda, que

transvive.

Quem fez esta manhã fê-la por ser

Um raio a fecunda-la, não por lívida

Ausência sem pecado e fê-la ter

Em si princípio e fim: ter entre aurora

E meio-dia  um homem e sua hora

 

Mário Faustino -  O Homem e sua Hora

Leia mais no blog

https://fulinaimatupiniquim.blogspot.com/


Ou a gente se Raoni

Ou a gente se Sting

 

Luis Turiba


amor, então,
também acaba?
não, que eu saiba.

o que eu sei

 é que transforma
numa matéria prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.

ou em rima

*

A Vida é as vacas

Que você coloca no rio

Para atrair as piranhas

Enquanto a  boiada passa 

 

Paulo Leminski 


AGORA

 

É hora

de amolar a foice

e cortar o pescoço do cão.

— Não deixar que ele rosne

nos quintais

da África.

É hora

de sair do gueto/eito

senzala

e vir para a sala

— nosso lugar é junto ao Sol.

 

ADÃO VENTURA (1946 - 2004)


Angra

 

assim como o pau-brasil

a flor do mangue

                também sangra

 

      Rúbia Querubim


aqui nem coca

nem cola

nem bola 
não vivo de fantasia 


o que rola aqui é poesia

 

Pastor de Andrade 

              o antropófago 

eu sou

o que invoca 
o que provoca 
incorpora 
desconcentra 
desconforta 
desconstrói 
e desconcerta

 

Artur Gomes

O Poeta Enquanto Coisa

Editora Penalux – 2020


 

MOENDA

 

 usina mói a cana

o caldo e o bagaço

 usina mói o braço

a carne o osso

 usina mói o sangue

a fruta e o caroço

 tritura suga torce

dos pés até o pescoço

 e do alto da casa grande

os donos do engenho controlam

o saldo & o lucro 

 

Artur Gomes

in Suor & Cio - 1985 

e Pátria A(r)mada 2022

gravado no CD Fulinaíma Sax Blues Poesia 

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