Cogito
eu sou como eu sou
pronome
pessoal intransferível
do homem que iniciei
na medida do impossível
eu sou como eu sou
agora
sem grandes segredos dantes
sem novos secretos dentes
nesta hora
eu sou como eu sou
presente
desferrolhado indecente
feito um pedaço de mim
eu sou como eu sou
vidente
e vivo tranqüilamente
todas as horas do fim.
Torquato Neto
Os Últimos Dias De Paupéria
Flor
Bella
tem muito tempo
que ando atrás
da bela flor
do bem-me-quer
fosse florbela
flor espanca
navegaria espanhas
mar inteiro
para encontrar
pra minha sorte
encontrei aqui
não preciso mais te procurar
Artur
Fulinaíma
leia mais no blog
https://fulinaimagens.blogspot.com/
MARIANIDADES é o poema que trago para a coletânea "FOGO! Porque se gritar socorro ninguém vem."
Uma longa e linda jornada com mulheres potentes do movimento #cordelsemmachismo
Faça sua compra e se deleite com versos incendiários de um
bando de mulherfogo!
Marianides
Pois é da sina dessa fé-minina
vocacionadas à tal liberdade
nunca se entregar, lutar por todes
romper fronteiras com sororidade
Maria da Luz, da Penha, das dores
Benzedeira, parteira,
dos amores
da rua, da vida, da roça e cidade
Dentro de mim, em minha pele
todas elas multidões em mim
grito, gozo, canto, serpenteio
puta, santa, começo, meio sem fim
preta, indígena,
descalça, banguela amarela, cigana e até branquela
cis, trans, nao binárie, simples assim
...
Lília
Diniz
https://www.instagram.com/p/C4SlEG3uGko/?igsh=NjB2amxncjlvY29o
SENTENÇA
faz muito tempo que eu venho
nos currais deste comício,
dando mingau de farinha
pra mesma dor que me alinha
ao lamaçal do hospício.
e quem me cansa as canelas
é que me rouba a cadeira,
eu sou quem pula a traseira
e ainda paga a passagem,
eu sou um número ímpar
só pra sobrar na contagem.
por outro lado, em meu corpo,
há uma parte que insiste,
feito um caju que apodrece
mas a castanha resiste,
eu tenho os olhos na espreita
e os bolsos cheios de pedras,
eu sou quem não se conforma
com a sentença ou desfeita,
eu sou quem bagunça a norma,
eu sou quem morre e não deita
Salgado Maranhão
me tranquei na caverna com platão
pra enfrentar meus próprios males
não vi primata nem zapata nem dragão
ouvi o canto das sereias pelos bares
chamei pra briga o capeta de facão
senti o aço perfurando a carne mole
gritei bem alto um tremendo palavrão
chamei são jorge pra ajudar o filho pobre
daqui ninguém sai vivo nem com reza ou um milhão
um dia até o tolo acaba que descobre
perdi o medo de espelho e solidão
só levo a vida com a pele que me cobre
Ademir Assunção
Risca Faca
Selo Demônio Negro
2021
*
Tchello d´Barros –
Tamanho não é documento
minha musa mora num campo belo me prometeu me apresentar
todo universo paralelo onde ela mora na velo/cidade atravessada mas VeraCidade de uma musa metafórica é que a
metáfora no templo do poeta pode ser muito mais que ficção ou realidade re/inventada
"Uma gula sem fim
O prazer desnutrido
Comeu os farelos da alma"
(In Sonho Ilusório)
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