quinta-feira, 14 de março de 2024

Múltiplas Poéticas

Cogito

eu sou como eu sou
pronome
pessoal intransferível
do homem que iniciei
na medida do impossível

eu sou como eu sou
agora
sem grandes segredos dantes
sem novos secretos dentes
nesta hora

eu sou como eu sou
presente
desferrolhado indecente
feito um pedaço de mim

eu sou como eu sou
vidente
e vivo tranqüilamente
todas as horas do fim.

 

Torquato Neto


Os Últimos Dias De Paupéria

*

*

Paulo Leminski 


Flor Bella

tem muito tempo

que ando atrás

da bela flor

do bem-me-quer

 

fosse florbela

flor espanca

navegaria espanhas

mar inteiro

para encontrar

 

pra minha sorte

encontrei aqui

não preciso mais te procurar

 

Artur Fulinaíma

leia mais no blog

https://fulinaimagens.blogspot.com/


MARIANIDADES é o poema que trago para a coletânea "FOGO! Porque se gritar socorro ninguém vem."

Uma longa e linda jornada com mulheres potentes do movimento #cordelsemmachismo

Faça sua compra e se deleite com versos incendiários de um bando de mulherfogo!


Marianides

 

Pois é da sina dessa fé-minina

vocacionadas à tal liberdade

nunca se entregar, lutar por todes

romper fronteiras com sororidade

Maria da Luz, da Penha, das dores

Benzedeira,  parteira, dos amores

da rua, da vida, da roça e cidade

 

Dentro de mim, em minha pele

todas elas multidões em mim

grito, gozo, canto, serpenteio

puta, santa, começo, meio sem fim

preta, indígena,  descalça, banguela amarela, cigana e até branquela

cis, trans, nao binárie, simples assim

...

Lília Diniz

https://www.instagram.com/p/C4SlEG3uGko/?igsh=NjB2amxncjlvY29o


SENTENÇA


faz muito tempo que eu venho
nos currais deste comício,
dando mingau de farinha
pra mesma dor que me alinha
ao lamaçal do hospício.


e quem me cansa as canelas
é que me rouba a cadeira,
eu sou quem pula a traseira
e ainda paga a passagem,
eu sou um número ímpar
só pra sobrar na contagem.

por outro lado, em meu corpo,
há uma parte que insiste,
feito um caju que apodrece
mas a castanha resiste,
eu tenho os olhos na espreita
e os bolsos cheios de pedras,
eu sou quem não se conforma
com a sentença ou desfeita,
eu sou quem bagunça a norma,
eu sou quem morre e não deita

Salgado Maranhão


CAVERNA


me tranquei na caverna com platão
pra enfrentar meus próprios males
não vi primata nem zapata nem dragão
ouvi o canto das sereias pelos bares
chamei pra briga o capeta de facão
senti o aço perfurando a carne mole
gritei bem alto um tremendo palavrão
chamei são jorge pra ajudar o filho pobre
daqui ninguém sai vivo nem com reza ou um milhão
um dia até o tolo acaba que descobre
perdi o medo de espelho e solidão
só levo a vida com a pele que me cobre

 

Ademir Assunção

Risca Faca

Selo Demônio Negro

2021

                                          *

Tchello d´Barros – 

Tamanho não é documento 


minha musa mora num campo belo me prometeu me apresentar todo universo paralelo onde ela mora na velo/cidade  atravessada  mas VeraCidade de uma musa metafórica é que a metáfora no templo do poeta pode ser muito mais que ficção ou realidade re/inventada

"Uma gula sem fim

O prazer desnutrido

Comeu os farelos da alma"

(In Sonho Ilusório) 

Rosani Abou Adal


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